Você se lembra de quem você era antes das suas feridas de infância?

Por Fernanda Visciani @fernandavisciani

Você já parou para se perguntar: quem eu era antes das minhas dores?

Antes das decepções, dos abandonos, das palavras duras ou dos silêncios que marcaram sua infância?

A Constelação Familiar nos mostra que, muitas vezes, a adulta que somos hoje carrega dentro de si uma criança ferida, que não pôde ser ouvida, vista ou amada da forma que precisava. Essas feridas não desaparecem com o tempo, elas se transformam em padrões de comportamento, em dificuldades nos relacionamentos, em sentimentos de vazio e até em sintomas físicos.

A criança interior e a Constelação Familiar

Segundo Bert Hellinger, criador da Constelação Familiar, todos nós pertencemos a um sistema maior: a família. Nesse sistema, experiências de exclusão, rejeição ou desequilíbrio podem se repetir através das gerações, até que alguém se disponha a olhar para a origem da dor (Hellinger, 2007).

Quando uma criança sente que não pode expressar sua dor, ela aprende a se proteger: cria máscaras, se adapta, tenta ser forte. Mas essa adaptação tem um custo: a desconexão da sua essência.

Aquela menina cheia de vida, criatividade e espontaneidade pode ter ficado escondida atrás de comportamentos como perfeccionismo, autoexigência ou dificuldade de confiar nos outros.

As feridas de infância e suas marcas na vida adulta

As principais feridas emocionais que surgem na infância foram estudadas por diferentes autores, como Lise Bourbeau (2002), que descreveu cinco feridas fundamentais: rejeição, abandono, humilhação, traição e injustiça. Essas experiências moldam a forma como vemos a nós mesmas e como nos relacionamos com o mundo.

• Ferida de rejeição: faz com que a mulher adulta se sinta constantemente inadequada.

• Ferida de abandono: gera medo de perder quem ama e dificuldade de sustentar relacionamentos.

• Ferida de humilhação: leva a sentimentos de vergonha e autocrítica excessiva.

• Ferida de traição: provoca desconfiança e insegurança.

• Ferida de injustiça: cria rigidez e dificuldade de se permitir ser vulnerável.

  
  

Na Constelação Familiar, essas feridas não são vistas apenas como individuais, mas como parte de uma rede maior, herdada dos vínculos familiares.

Reconectar-se com quem você era antes das feridas

A cura começa quando olhamos para dentro e reconhecemos essa criança que fomos. Não se trata de negar as dores, mas de oferecer a ela um lugar no coração da adulta que somos hoje.

Esse movimento de reconciliação traz leveza, alegria e liberdade. Permite que a mulher volte a sentir sua força vital, resgatando a espontaneidade perdida e construindo relacionamentos mais saudáveis.

Como escreve Bert Hellinger:

“Quando reconhecemos aquilo que foi excluído, a vida volta a fluir.” (Hellinger, 2001)

Você se lembra de quem você era antes das suas feridas de infância?

Talvez seja hora de reencontrar essa menina, acolhê-la e devolver-lhe o direito de existir com toda sua luz.

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CONSTELAÇÃO FAMILIAR

Referências

• Bourbeau, Lise. As cinco feridas emocionais. São Paulo: Best Seller, 2002.

• Hellinger, Bert. Constelações Familiares: O Reconhecimento das Ordens do Amor. Petrópolis: Vozes, 2001.

• Hellinger, Bert. A Simetria Oculta do Amor: Sobre a Ordem no Relacionamento Humano. Petrópolis: Vozes, 2007.