Por que você procrastina? A explicação da Constelação Familiar
- Fernanda Visciani
- 17 de nov.
- 3 min de leitura
Por Fernanda Visciani @fernandavisciani

A procrastinação é frequentemente tratada como defeito, preguiça ou falta de disciplina. Mas, quando olhamos através do campo das Constelações Familiares, percebemos que ela é muito mais profunda do que parece. Ela não é o problema, é o mensageiro.
Ela aparece como quem bate à porta devagar, sem pressa, como quem diz:“Tem algo aqui dentro que você ainda não viu.”
E quando escutamos, descobrimos histórias que não são apenas nossas.
Quando a procrastinação é um eco do passado
Toda vez que você adia algo importante, não é só o presente que pesa. Há medos antigos que sussurram de dentro, memórias emocionais que não nasceram em você, mas que você carrega como se fossem suas.
Na visão sistêmica, muitos dos nossos medos não começam na nossa biografia, mas na biografia da família. Uma mãe criticada demais, um pai que nunca podia errar, um avô que perdeu tudo e viveu com vergonha, uma tia que foi punida por tentar brilhar.
Então, sem perceber, você aprende a se proteger da mesma forma: evitando o risco, adiando o passo, segurando o movimento.
A procrastinação se torna um escudo: um “não vou”, que na verdade significa “por amor ao sistema familiar que pertenço, eu sofro como eles sofreram.”
Lealdades invisíveis: quando avançar parece trair alguém
Há mulheres que sentem culpa por prosperar.
Homens que se sabotam por medo de ultrapassar o pai.
Pessoas que estacionam a própria vida para não deixar ninguém para trás.
Hellinger chamava isso de lealdades inconscientes, movimentos internos que nos mantêm fiéis ao destino dos nossos.
Como se disséssemos em silêncio:
“Se você não pôde, eu também não posso.”
“Se você sofreu, eu não tenho direito de ser feliz.”
“Se você não viveu seus sonhos, eu também não vou viver os meus.”
E assim, a procrastinação se torna um ato de amor equivocado.
Dói. Mas ela só está tentando manter você perto da sua família, mesmo que isso custe o seu caminho.
Quando os papéis se confundem e o corpo perde força
A procrastinação também aparece quando alguém cresceu carregando o que não era dela.
Muitas mulheres se tornaram adultas cansadas porque foram meninas que cuidaram demais: da mãe triste, do pai explosivo, dos irmãos pequenos, da casa desorganizada, dos silêncios que ninguém enfrentava.
Como o adulto pode avançar se parte da energia ainda está presa em um passado que exigiu demais?
Quando a criança precisou ser mãe, a mulher tem dificuldade de ser adulta.
Ela luta para agir, porque já esgotou sua força anos atrás.
Quando falta pertencimento, falta enraizamento
A procrastinação também nasce de um sentimento profundo: não se sentir parte.
Quem cresceu acreditando que “era demais”, “era de menos”, “não tinha lugar”, aprende a caminhar com insegurança.
E onde não há pertencimento, não há firmeza.
E onde não há firmeza, a ação se dilui.
A pessoa começa, mas não termina.
Deseja, mas não se autoriza.
Sonha, mas não acredita que é possível “para ela”.
Então, o que a procrastinação quer nos mostrar?
Ela quer revelar a desordem para que a alma encontre lugar.
Quer mostrar a ferida para que o coração possa curar.
Quer trazer à luz aquilo que foi carregado sozinha demais.
A procrastinação não quer te paralisar, ela quer te proteger.
E quando você olha para ela com respeito, com amor e com consciência, ela deixa de ser um muro e se transforma em guia.
Ela aponta para onde ainda faltam pertencimento, ordem, hierarquia e equilíbrio - os pilares das Constelações Familiares.
Quando esses lugares internos se reorganizam, a ação surge naturalmente.
Sem esforço.
Sem luta.
Sem culpa.
Só fluidez.
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Referências Bibliográficas
Hellinger, Bert. Ordens do Amor. São Paulo: Cultrix, 2003.
Hellinger, Bert. Constelações Familiares: O Reconhecimento das Ordens da Vida. São Paulo: Atman, 2008.
Schneider, Jakob Robert. Constelações Familiares: Fundamentos e Prática. São Paulo: Editora Paulus, 2007.
Weber, Gunthard. A Prática das Constelações Familiares. São Paulo: Cultrix, 2010.
Chalita, Maria. Constelação Familiar: Uma Nova Visão da Vida. São Paulo: Gente, 2019.
Ruppert, Franz. Traumas, Vínculos e Famílias. São Paulo: Cultrix, 2014.



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