Escutando a Dor Que Ficou Guardada: O Caminho acolher a Criança Interior
- Fernanda Visciani
- 8 de set.
- 3 min de leitura
Por Fernanda Visciani @fernandavisciani

A dor que carregamos desde a infância muitas vezes permanece silenciada, uma voz interior que sussurra lembranças de medo, abandono ou tristeza. No entanto, é justamente nessa ternura esquecida que reside a chave para nossa cura mais profunda. A proposta deste artigo é guiar o leitor a escutar e acolher sua criança interior, permitindo-lhe reencontrar-se com a autenticidade, a leveza e a cura emocional.
Por que escutar a dor que ficou guardada?
Muitas das feridas emocionais têm origem em experiências vividas na infância, momentos de rejeição, de afeto ausente ou de necessidade ignorada. Ao não serem validadas, essas dores passam a moldar crenças subtis que levam à autoproteção, ao afastamento emocional ou à desconexão consigo mesmo. Escutar essas dores, portanto, é um ato de coragem - é permitir que o corpo, o coração e aquela criança interna sejam vistos, acolhidos e transformados.
O que significa acolher a criança interior?
A “teoria da criança interior” afirma que as experiências da infância, especialmente as dolorosas ou negligenciadas, influenciam diretamente como nos relacionamos hoje com nós mesmos e com o mundo. A partir desse entendimento, acolher a criança interior é:
Validar sentimentos passados e atuais com compaixão.
Oferecer a si mesmo o que não foi recebido: segurança, escuta, ternura.
No livro Acolhendo Sua Criança Interior, Stefanie Stahl compartilha que somente ao reconhecer essa parte ferida podemos reencontrar amor-próprio e autoestima. Ela escreve:
“Somente quando conhecemos nossa criança interior e a acolhemos... só então podemos aceitar esse lado ferido de nossa alma...”
Fundamentos teóricos para essa jornada
Vários autores e pesquisas fundamentam a importância desse trabalho interno:
Graça Martini (2016) relata que em contextos terapêuticos comunitários, o contato com a criança interior ferida estimula o processo de individuação e fortalece o encontro com o presente.
Donald Winnicott, psicólogo inglês, enfatiza que o cuidado emocional acolhedor (o “holding environment”) é essencial para o desenvolvimento emocional saudável. Ele afirma que o brincar permite externalizar conflitos internos e simbolizá-los de forma terapêutica.
Esses fundamentos mostram que acolher a criança interior não é símbolo de fragilidade, mas de sabedoria emocional.
Como escutar e acolher sua criança interior - passo a passo
Crie um espaço seguro – Escolha um momento tranquilo e acolhedor. Respire fundo e convide essa parte sensível para se expressar.
Use a escuta gentil – Permita que a voz interior fale por meio de escrita, imagem, voz ou memórias. Não julgue.
Ofereça palavras de acolhimento – “Você é amado(a)”; “Sua dor tem valor”; “Você merece cuidado”.
Brinque emocionalmente – Assim como Winnicott demonstrou com crianças, o “brincar” permite transformar a dor em símbolos, narrativas de cura e ressignificação.
Cultive a consistência – Esse diálogo não é um evento único. É um encontro contínuo de colaboração interna.
O que acontece após acolher a criança interior?
A autoestima se fortalece
A vulnerabilidade se torna ponte para relações mais autênticas
A espontaneidade e a alegria retornam, trazendo leveza à vida cotidiana
Segundo Stahl, “curar a criança que fomos é libertar o adulto que somos”.
Conclusão emocional
Escutar a dor que ficou guardada é um ato de atenção íntima e radical: é acolher uma parte esquecida de si mesmo com compaixão e coragem. Esse encontro permite que você reconecte com sua essência, encontre um lugar interno seguro — um verdadeiro lar emocional — e descubra que, mesmo nas feridas, há espaço para luz, crescimento e amor.
Ao iniciar esse caminho de acolhimento, você dá à sua criança interior o que ela mais desejou: ser vista, ouvida e amada. E, ao fazer isso, transforma saudade e dor em caminhos de cura profunda.
Que tal agendar a sua constelação familiar?
Para saber todas as informações, tirar dúvidas e marcar, clique no botão abaixo:
Referências bibliográficas
Martini, G. (2016). Quando a minha criança interior ferida encontra a sua... Revisitar a infância para compreender os relacionamentos. Temas em Educação e Saúde, 12(1). DOI:10.26673/tes.v12i0.9811. Portal de Periódicos FCLAr
Stahl, S. (2022). Acolhendo Sua Criança Interior: Uma abordagem inovadora para curar as feridas da infância. Editora Sextante. Magazine LuizaI10 Bibliotecas
Winnicott, D. W. (…). Brincar e realidade: Verbalizações de crianças em situação de acolhimento institucional. Psicologia em Estudo. DOI:10.4025/psicolestud.v21i4.31806. Periódicos UEM
Teoria da criança interior — círculo de acolhimento parental. Advogado em Resende blog.



Comentários