Como a Constelação Familiar trabalha as forças do feminino e masculino dentro de nós
- Fernanda Visciani
- 9 de jun.
- 3 min de leitura
Por Fernanda Visciani https://www.instagram.com/fernandavisciani/

Quantas vezes você se sentiu dividida entre ser forte e sensível? Entre cuidar de todos e também querer ser cuidada? Ou ainda, entre tomar decisões firmes e, ao mesmo tempo, querer se entregar e confiar?
Esses conflitos internos, tão comuns em nossas vidas, muitas vezes têm uma origem mais profunda do que imaginamos. A Constelação Familiar nos convida a olhar para essas forças internas (o feminino e o masculino) não como opostos, mas como complementares. E, mais importante: como heranças que carregamos da nossa relação com pai e mãe.
O feminino e o masculino: mais do que papéis, forças internas
Dentro de cada ser humano existem essas duas forças. O feminino representa o acolhimento, a entrega, a escuta, a conexão com o sentir. O masculino representa a ação, o foco, o direcionamento, a decisão.
Mas o que acontece quando essas forças estão feridas?
Um exemplo real:
Juliana (nome fictício), 38 anos, casada, mãe de dois filhos, profissional bem-sucedida. Por fora, tudo parecia estar em ordem. Por dentro, ela vivia exausta. Sempre no controle de tudo: casa, trabalho, filhos, casamento. Cansada de dar conta sozinha, mas incapaz de pedir ajuda. Em uma sessão de Constelação Familiar, vimos que Juliana carregava uma mágoa profunda do pai, ausente na infância. Para sobreviver, ela “assumiu o masculino” da casa desde muito cedo: era quem decidia, protegia, resolvia. Mas essa força, que a salvou lá atrás, agora a impedia de confiar, relaxar e viver sua parte feminina: o cuidado consigo, o receber, o acolher.
A cura começou quando ela pôde, em um exercício sistêmico, olhar para o pai com respeito, reconhecer sua ausência e, ainda assim, honrar o que recebeu dele: a vida. Esse gesto simples (e profundo) permitiu que ela soltasse o peso e abrisse espaço para confiar mais no marido, nos filhos e nela mesma.
O que a Constelação nos ensina
A Constelação Familiar, desenvolvida por Bert Hellinger, parte da premissa de que carregamos, inconscientemente, dinâmicas da nossa família de origem. Quando há rejeição ou ruptura com um dos pais, essa força correspondente (feminina ou masculina) tende a ficar bloqueada ou distorcida.
Rejeitar a mãe pode gerar dificuldade de acolher, nutrir e se conectar emocionalmente.
Rejeitar o pai pode levar à insegurança nas ações, medo de errar, dificuldade de confiar no mundo.
Segundo Hellinger (2008), “a reconciliação com pai e mãe nos torna inteiros. Quando conseguimos olhar para eles com amor e gratidão, tomamos a vida em sua totalidade, com sua força feminina e masculina.”
Quando o equilíbrio acontece…
Quando essas forças se alinham dentro de nós, algo muda profundamente:
Passamos a tomar decisões com mais clareza e menos culpa.
Sabemos agir e, também, esperar.
Damos e recebemos.
Amamos sem nos anular e cuidamos sem carregar sozinhas.
É essa integração que nos torna mais inteiras. Não se trata de ser “mais feminina” ou “mais masculina”, mas de viver com maturidade emocional, reconhecendo a riqueza que cada força traz.
Você sente que carrega um excesso de uma dessas forças?
Talvez tenha crescido precisando ser forte demais. Ou talvez ainda esteja esperando um cuidado que nunca veio.
A Constelação Familiar pode ser uma chave poderosa para compreender e transformar essas dinâmicas. Porque só quando honramos de onde viemos é que podemos escolher, de verdade, para onde vamos.
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Referências bibliográficas:
HELLINGER, Bert. Ordens do Amor: um guia prático para o trabalho com Constelações Familiares. Cultrix, 2008.
ULSAMER, Bertold. Constelações Familiares: como resolver os emaranhamentos sistêmicos. Vozes, 2004.
COHEN, Judith. O poder do feminino: quando homens e mulheres reconhecem suas forças. Summus, 2013.
MORENO, Ana. A cura do feminino: reencontrando o equilíbrio interno. Editora Gente, 2019.
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